Simone de Beauvoir

prefácio de A bastarda

De Violette Leduc | Trad. Marília Garcia

Bazar do Tempo, 2022

Violette Leduc não ameniza nada. A maioria dos escritores, quando confessa sentimentos ruins, retira deles os espinhos por sua própria franqueza. Ela nos obriga a senti-los, nela, em nós, em sua hostilidade candente. Ela permanece cúmplice de seus desejos, rancores, mesquinharias: assim ela assume os nossos e nos liberta da vergonha: ninguém é monstruoso se todos nós o somos.

Filha bastarda criada por uma mãe solteira e terrivelmente rígida, Violette Leduc é, ela mesma, a protagonista desta que é considerada a sua obra-prima. Aqui está uma mulher diante de si, que retoma sua história, do nascimento aos trinta anos, narrando com estilo incisivo e uma franqueza desconcertante os eventos de uma infância frágil, os embates com a

aparência física nunca aceita, o desejo sexual por homens e mulheres, seus amores, rancores e suas idiossincrasias. Com A bastarda, a autora marca a descoberta de uma linguagem própria que a tornou escritora e personagem das mais fascinantes e singulares da literatura francesa.

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